sexta-feira, 26 de março de 2010

Coca-Cola lança garrafa feita com etanol

Brasil é o quinto país a ter a embalagem, que emite 25% menos CO2 e será usada em 3% a 4% da produção

Paola de Moura, do Rio
26/03/2010
Leo Pinheiro/Valor

A Coca-Cola lançou ontem, no Rio, uma garrafa de plástico produzida com 30% de matéria-prima proveniente de etanol da cana-de-açúcar em substituição à resina proveniente do petróleo. É o quinto país do mundo onde a empresa lança este tipo de produto. As embalagens, batizadas de PlantBottle, de 500 ml e 600 ml, chegarão em abril às cidade de São Paulo, Rio de janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Porto Alegre. A produção da garrafa, segundo a Coca-Cola, emite 25% menos CO2 do que usada atualmente.

Por enquanto, o bio-Meg, produto que utiliza o etanol para fazer os tubos de plástico que serão posteriormente transformados em garrafa de refrigerante é fabricado na Índia. De lá, são importados para o Uruguai, para a fábrica da Cristal Pet, onde são transformadas nos tubos e importados pela Coca-Cola Brasil Segundo Rino Abbondi, vice-presidente de técnica e logística da multinacional de bebidas, o etanol brasileiro é exportado para a Ásia para ser utilizado na fabricação do bio-Meg.

A empresa, no entanto, espera que até 2014 consiga produzir no Brasil o bio-Meg e, então, poderá colocar no mercado todos os modelos de garrafas de plástico produzidas com o material, conta o presidente da Coca-Cola Brasil, Xiemar Zarazúa. "O objetivo é, num futuro, conseguir produzir as garrafas com 100% de derivados de etanol", promete Rino Abbondi, mas sem determinar um prazo.

Segundo o vice-presidente, o custo de produção é maior. No entanto, ele não revela o percentual. "Temos um compromisso de não repassar isso ao consumidor", afirma Abbondi.

Ao todo, serão produzidas 140 milhões de unidades, que equivalem de 3% a 4% da produção. A garrafa é 100% reciclável e já entra na cadeia de reaproveitamento de materiais da empresa. A Coca-Cola detém a patente do bio-Meg e já o distribuiu nos Estados Unidos, no Japão, na Austrália e no Canadá.

A expectativa da empresa é que, este ano, a produção inicial das garrafas PlantBottle reduzam o uso de mais de 5 mil barris de petróleo. O presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank comemorou a iniciativa. Segundo Jank, cada 10 milhões de garrafas produzidas consumirão 68 mil litros de etanol. Quando a proporção for aumentada de 30% para 100% essa relação crescerá para 227 mil litros.

Presente no lançamento, o ministro do Meio-Ambiente, Carlos Minc, comemorou a mudança para uma fonte renovável. Mas fez questão de lembrar que o aumento da produção de etanol não avançará sobre áreas protegidas, como Amazônia ou Pantanal, ou usadas na produção de alimentos.

As embalagens virão com um símbolo diferenciado apontando que são feitas com etanol. Na parte de trás do rótulo, haverá uma explicação sobre a produção e o material. Luciana Feres, diretora de marketing da empresa, conta que será feita também uma campanha de marketing em revistas e na internet. "Por enquanto, não haverá uma divulgação nacional para não frustrar os consumidores das regiões onde a garrafa não vai chegar. Quando tivermos uma produção nacional, aí sim entraremos com campanhas institucionais e de venda em todo o país", explica Luciana Feres.

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