terça-feira, 30 de março de 2010

Cetelem lucra após encolher carteira

Financeira reverte prejuízo de 2008 e nega venda de fatia do capital no Brasil

Adriana Cotias, de São Paulo
30/03/2010
Davilym Dourado/Valor

Depois de fechar 2008 com um prejuízo de R$ 33,8 milhões, a Cetelem Brasil voltou ao azul em 2009, com um lucro líquido de R$ 3,4 milhões. Num período em que a carteira de crédito encolheu em R$ 480 milhões, para R$ 3,5 bilhões, foi a melhora na originação das operações e o foco em linhas com margens mais interessantes que permitiram a virada, segundo o diretor financeiro, Franck Vignard-Rosez. O resultado operacional chegou a R$ 15,2 milhões, em comparação ao R$ 65 milhões negativos do exercício anterior.

Ao ter completado dez anos de atividade no mercado brasileiro, o braço de financiamento ao consumo do grupo francês BNP Paribas no Brasil tem como meta fechar 2010 com uma carteira de mais de R$ 6 bilhões. Os números já consideram as operações do Banco BGN - com um portfólio de R$ 1,6 bilhão ao fim de 2009 -, instituição especializada em crédito consignado comprada em 2008. De acordo com o diretor geral da Cetelem Brasil, Marcos Etchegoyen, a financeira não cogita se desfazer de parcela do capital no país, conforme noticiado pelo Valor em meados de março, e adianta que duas novas parcerias com o varejo devem ser anunciadas nas próximas semanas. "A carteira está crescendo, a ideia não é diminuir a exposição no Brasil, só neste primeiro trimestre a expansão chega a 31%", afirma. "Estamos criando envergadura para a maratona dos próximos dez anos."

Em 2009, a financeira reduziu o tamanho dos seus ativos na maioria das linhas, como empréstimo pessoal, cartões e crediário ou mesmo a aquisição de carteiras de terceiros. Zerou completamente a destinação ao "middle market", de capital de giro a pequenas e médias empresas, segmentação considerada fora do "core", aumentando, porém, o financiamento de faturas de cartões.

"Em vez de ofertar muito sem juros ou deixar o cliente no rotativo, vendemos o parcelamento a taxas mais competitivas, reequilibramos o portfólio em produtos intermediários, com bom 'spread' (a diferença entre a taxa de captação e o custo cobrado nos empréstimos), o que permitiu que a margem financeira aumentasse", diz Vignard-Rosez. Nesse trabalho de cruzamento de vendas, a eficiência da operação aumentou, com 2,07 produtos por cliente, em comparação à média de 1,6 produto em 2008, afirma. As provisões para créditos de difícil liquidação foram reduzidas em R$ 33,2 milhões entre um exercício e outro, para R$ 167,1 milhões.

A conversão dos "private label" em cartões híbridos foi outra frente que a Cetelem avançou no ano passado. Com 3,3 milhões de plásticos emitidos com o selo Aura, a financeira migrou 450 mil unidades para a bandeira MasterCard em varejistas parceiros como Submarino, Telha Norte e Armarinhos Fernando. Em maio vai começar a trabalhar na base de clientes da Fnac. "Assim qualificamos a concessão de crédito e a também aquisição de clientes porque temos mais a oferecer", diz Etchegoyen. Como a maioria dos modelos híbridos, no lojista que empresta o nome ao plástico o limite de crédito é maior, preservando a relação de fidelidade original. A partir de 2011, a intenção da Cetelem é também passar a emitir Visa.

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