quinta-feira, 24 de março de 2011

KPMG anuncia compra da operação brasileira da BDO

Denise Carvalho - De São Paulo
24/03/2011

A KPMG, uma das quatro maiores firmas de contabilidade do mundo, comprou a operação brasileira da BDO depois de quase oito meses de negociações. Os valores da venda não foram revelados, mas pessoas próximas das duas empresas estimam o negócio em mais de R$ 150 milhões.

Juntas, KPMG e BDO somam faturamento de R$ 655 milhões, com cerca de 4.200 clientes. O volume de R$ 538 milhões foi o faturamento da KPMG apurado no ano fiscal encerrado em dezembro de 2010. BDO faturou R$ 117 milhões no exercício finalizado em dezembro do ano passado.

O movimento da KPMG é interpretado no mercado como uma reação ao avanço da rival Ernst & Young, que comprou a operação de Terco Grant Thornton em agosto do ano passado.


Com a aquisição da Terco, a Ernst & Young assumiu a terceira posição no ranking das firmas de contabilidade do Brasil e empurrou a KPMG para o quarto lugar.

O executivo Pedro Melo, presidente da KPMG e que continuará no comando da empresa, diz que a aquisição é uma estratégia para atender as demandas das empresas de médio e grande porte.

"O Brasil tem espaço para todo mundo. O que olhamos é a somatória de dois times de executivos para atender um mercado que demanda conhecimento", diz ele.

O executivo Jorge Luiz Menegassi, presidente da Ernst & Young Terco, avalia que foi acertada a estratégia da KPMG. "É um passo correto. Há uma guerra por talentos e é muito importante conseguir bons profissionais", afirma.

Apesar da aquisição da BDO, a KPMG não deve recuperar a posição no ranking brasileiro. O faturamento da Ernst & Young Terco deve ficar próximo de R$ 700 milhões em 2010, se a estimativa de crescimento de 25% a 30% da empresa se confirmar no ano.

A PricewaterhouseCoopers é a líder, seguida pela Deloitte, que faturaram, respectivamente, US$ 500 milhões (R$ 900 milhões, com dólar médio em 12 meses até junho de 2010) e R$ 738 milhões.

As comparações são feitas com base em números divulgados pelas empresas. Nenhuma delas divulga balanços auditados.

A transação encabeçada pela KPMG deve ser analisada no Cade (Conselho Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que regula a concorrência no Brasil.

A concentração das maiores empresas do setor é significativa. Antes das operações de compra realizadas pela Ernst & Young e KPMG, as quatro maiores firmas de contabilidade do país ficaram com 96% de toda a receita paga pelas 200 maiores contas entre as companhias abertas, em 2009.

Contabilizadas as aquisições, a concentração sobe para 99,9%, na mesma base de comparação.

A operação da KPMG adiou os planos da BDO International de se tornar uma firma de presença mais relevante no Brasil. Instalada no país há cerca de 30 anos, a BDO International apostou numa parceria com o empresário Toninho Marmo Trevisan em 2004, criando a BDO Trevisan. O empresário vendeu sua parte em 2006 para os demais sócios, que, agora, não resistiram à oferta da KPMG.

O presidente da BDO International, Jeremy Newman, declarou seu desapontamento ontem, quando revelou a notícia no site da empresa. "A BDO não é a primeira companhia a sofrer com as ações de grandes concorrentes, que utilizam sua posição financeira dominante para ampliar participação no mercado", diz ele. A BDO manifestará sua objeção a este cenário junto às autoridades brasileiras competentes."

O novo parceiro da BDO no país RCS Auditores, fundada por Raul Corrêa da Silva, em 2001. A nova operação começa bem menor do que a anterior: faturamento de R$ 30 milhões e cerca de 650 clientes. Segundo Silva, a operação deve dobrar de tamanho até 2013. (Colaborou Fernando Torres)

quarta-feira, 23 de março de 2011

Correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física

BRASÍLIA - A correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) começa a valer em abril. Segundo o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, o governo deve baixar uma medida provisória (MP) ainda este mês, fixando a correção em 4,5%.

Com a medida, que aumenta o limite salarial de isenção do IR, a perda de arrecadação do governo foi reestimada para R$ 1,6 bilhão, em vez dos R$ 2,2 bilhões previstos para o ano inteiro.

Segundo Barreto, o contribuinte será beneficiado com a correção sobre o imposto pago em todo o ano de 2011. O acerto será feito na declaração de IR em abril de 2012.

- Seria muito complicado retroagir a janeiro - disse o secretário, pois implicaria mudanças nas prestações de contas pelas empresas.

Executivos valorizam qualidade de vida

Rafael Sigollo - De São Paulo - Valor Econômico
23/03/2011

Conseguir equilibrar melhor o tempo entre família, lazer e trabalho é o maior desejo dos executivos brasileiros. Essa é a principal conclusão de um estudo realizado pela Mariaca - Lee Hetch Harrisson, consultoria especializada em transição de carreira.

O item, chamado de estilo de vida, foi considerado o mais importante em uma lista de dez valores por cerca de 35% dos 303 gerentes, diretores e presidentes de grandes empresas que participaram do estudo. Em segundo lugar, com menos da metade dos votos, vem o desafio, seguido de liderança, com 13%. Completam a lista, em ordem descrescente, riqueza, autonomia, segurança financeira, relacionamento, serviço, especialização técnica e poder.

De acordo com Lúcia Costa, sócia-diretora da Mariaca, o estilo de vida mais equilibrado assumiu o topo da lista por ter entrado no foco de três grupos distintos: o das mulheres, que sempre deu atenção ao assunto e levou isso para a cúpula das organizações conforme ganhou força no mercado de trabalho; o dos homens, que cada vez mais tem se dedicado em conseguir tempo livre de qualidade; e o dos jovens, que entram hoje no mundo corporativo com essa preocupação.

"Os profissionais não estão mais dispostos a investir toda a sua energia apenas na carreira. A nova geração, por exemplo, tem obrigado as empresas a adotar horários flexíveis, benefícios e programas que visam melhorias na qualidade de vida", afirma. Prova disso é que o estilo de vida foi eleito o item mais importante por 72% dos executivos que estão entre 26 e 35 anos.

Tão cobiçado historicamente pelos homens de negócios, o poder é o quesito menos importante na vida de um executivo hoje, segundo o estudo. Para Lúcia, isso se explica pelo fato de as empresas estarem implementando estruturas organizacionais cada vez mais horizontais e menos hierárquicas. "Atualmente as companhias deixaram de ser engessadas e não copiam mais o modelo militar de promoção. Com relações matriciais mais próximas e líderes nomeados para projetos específicos, o poder passou a ser compartilhado."

Uma surpresa entre os itens menos valorizados, de acordo com Lúcia, foi a riqueza. Na opinião da sócia-diretora, os executivos mais seniores já atingiram um patamar financeiro confortável e atualmente dão prioridade a outros fatores, como novos desafios.

Os mais jovens, por sua vez, se preocupam mais com esse valor, mas ainda assim ele não figura entre os principais desejos da chamada geração Y. "Isso mostra que as empresas correm sérios riscos caso usem apenas a remuneração e os bônus em dinheiro como ferramentas para reter, motivar e recompensar seus talentos", afirma Lúcia.

Tabela para imposto de bebidas terá reajuste de 10% a 15%

Luciana Otoni - De Brasília - Valor Econômico
23/03/2011

O secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, informou ontem que o reajuste da tabela de preços de referência de cervejas, refrigerantes e água engarrafada sobre a qual incidem os tributos IPI, PIS e Cofins ficará entre 10% e 15%.

O percentual exato será definido em decreto a ser publicado nas próximas semanas. Ao fazer o ajuste da carga tributária de bebidas frias, a Receita alega que a tabela está sem correção desde o fim de 2008 e que nos dois anos seguintes o governo não reajustou a base de incidência dos tributos porque a economia estava em processo de recuperação após a retração decorrente da crise financeira global.

Questionado sobre o impacto da correção nos preços finais pagos pelo consumidor, o secretário disse ser esta uma questão relacionada à disputa de mercado e de concorrência entre os fabricantes. "Quem repassar o reajuste pode sofrer retração do seu mercado", comentou.

Os fabricantes de bebidas já detectaram, em janeiro e fevereiro, uma desaceleração importante nas vendas. As chuvas, em boa parte do país, não tem ajudado o setor. E a proposta do governo de um aumento na casa dos dois dígitos surpreendeu o setor.

O objetivo do governo é fazer um ajuste de carga através do preço de referência das bebidas. A partir disso, as alíquotas do IPI, PIS e Cofins passariam a incidir sobre uma base elevada, ampliando a arrecadação do setor. Em 2010, os fabricantes de cervejas, refrigerantes e água engarrafada recolheram R$ 5,2 bilhões em impostos e contribuições. Esse resultado foi 2,1% acima do montante pago em 2009 e o Fisco federal avalia, ainda sem apresentar projeções, que essa cifra pode ser bem maior.

O secretário disse ainda que o Ministério da Fazenda montou um grupo técnico para analisar o nível exato do reajuste. A carga tributária incide sobre preços que variam conforme a marca, o tipo e a embalagem das bebidas.