sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Unificação de máquinas pode dar mais poder de barganha de lojistas

De São Paulo
19/02/2010

Os cartões de crédito são necessários para acelerar o fluxo de vendas, mas as taxas cobradas sobre as transações e o valor de manutenção mensal dos terminais eletrônicos ou POSs continuam altos, segundo lojistas ouvidos pelo Valor. O aluguel das máquinas custa de R$ 55 a R$ 85, dependendo da bandeira, e as taxas sobre as compras podem chegar a 5% por transação. Mas, para especialistas do mercado de cartões, a unificação das operações em um único equipamento, que deve acontecer a partir do segundo semestre, pode aumentar o poder de barganha dos comerciantes com as operadoras e reduzir custos de operação.

Para o empresário Daniel Daud, com três lojas de roupas em São Paulo, a maior vantagem de trabalhar com cartões de crédito é a certeza de que a compra será paga. "É mais seguro do que trabalhar com cheques", diz. Daud usa as máquinas de cartão há sete anos e tem duas unidades em cada estabelecimento.

O comerciante paga R$ 80 mensais pelo aluguel de cada equipamento, além do custo por transação que varia de 3,5% a 4,8% do valor da compra. O tíquete médio nas vendas por cartão chega a R$ 500 e pelo menos 80% dos clientes usam o dinheiro de plástico numa das lojas, localizada no Itaim Bibi. No ponto da Oscar Freire, o uso dos cheques é maior e a participação do cartão cai para 20% da venda.

"O custo de manutenção ainda é alto, mas eu não posso negar ao cliente uma facilidade que também exijo quando faço compras", afirma. Para Daud, as operadoras deveriam aposentar os terminais e liberar o pagamento pela internet. O lojista digitaria o número do cartão em um site e o comprovante seria entregue pela impressora ligada ao PC do estabelecimento.

Na loja de artesanato e decoração de Fabiana Trofimoff, na Vila Mariana, até 80% das vendas são fechadas nas duas máquinas de cartão, com um valor médio de R$ 90 por transação. "Não aceito cheques por medida de segurança." Para cortar despesas, a empresária tentou manter apenas um dos equipamentos, mas dez dias após a abertura da empresa, percebeu que era necessário oferecer outra bandeira de cartão. Hoje, paga R$ 140 mensais pelo aluguel das unidades.

Nos próximos meses, quando os equipamentos das lojas forem substituídos por apenas um terminal para as duas principais bandeiras, a maior dúvida de Fabiana é o que fazer se o sistema que libera as transações "cair". "Hoje, ainda temos uma segunda opção para oferecer ao cliente."

Já o empresário Charles Motta, dono de um estúdio de cabeleireiros nos Jardins, pretende aposentar as duas máquinas que usa desde 2004. A ideia é reduzir custos de até R$ 140 mensais. Ele afirma que no início do negócio a oferta de cartões serviu para atrair a clientela, mas hoje, com zero de inadimplência, vai aceitar somente cheques ou dinheiro. Motta recebe duzentos clientes por mês com um tíquete médio de R$ 90. "Não tenho problemas em aceitar cheques porque todos os clientes são conhecidos."

Segundo Álvaro Musa, ex-presidente da Credicard do Brasil e diretor da consultoria Partner Conhecimento, os lojistas podem esperar melhores serviços com as mudanças do setor. "Será possível receber extratos de novas promoções pelo terminal e os comerciantes ganharão maior poder de barganha com as operadoras em relação às tarifas."

Para se ter uma ideia, somente a Redecard é dona de um parque de terminais que cresceu quase quatro vezes em sete anos. Passou de 242 mil máquinas em 2002 para cerca de 900 mil terminais em 2009. A Cielo tem 1,7 milhão de estabelecimentos credenciados.

Os POSs autorizam e capturam as vendas realizadas com cartões de tarja magnética ou com tecnologia de chip. As transações são submetidas à autorização das instituições financeiras, responsáveis pela emissão dos plásticos. A Cielo e a Redecard possuem terminais eletrônicos fixos e móveis. O POS fixo utiliza uma linha telefônica comum para efetuar as transações e o modelo móvel, sem fio, aproveita as redes de telefonia celular e rádio frequência.

Tem as mesmas funções do aparelho fixo, mas com a vantagem de ser usado em estabelecimentos onde o cliente não precisa ir ao caixa para fazer o pagamento. (JS)

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