sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Cartão BNDES amplia limite e eleva as operações

Adriana Braz, para o Valor, de São Paulo
19/02/2010

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) manteve a estratégia, adotada em 2009, de estimular o crédito para pequenas e médias empresas em 2010, por meio do Cartão BNDES. Lançado em 2003, essa modalidade de crédito permite a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), com faturamento bruto anual de até R$ 60 milhões, adquirir produtos necessários às atividades produtivas, como máquinas e equipamentos, computadores, softwares, móveis comerciais, veículos utilitários e motocicletas para serviços de entrega. São mais de 130 mil itens oferecidos por cerca de 20 mil fornecedores credenciados pela instituição.

Em 2009, o Cartão BNDES ampliou o limite máximo de R$ 250 mil para R$ 500 mil. Rodrigo Bacellar, chefe do Departamento de Operações de Internet e responsável pelo Cartão BNDES, informa que a estratégia de ampliar o crédito e aumentar o prazo de pagamento foi bem sucedida, ao constatar o forte desempenho nas operações. Somente em 2009, foram realizadas 174.276 transações com o Cartão BNDES, que somaram R$ 2,5 bilhões em financiamentos, um crescimento de cerca de 200% em relação a 2008. "Vale destacar que, em 2009, ano da crise financeira internacional, os bancos públicos nacionais elevaram o volume de crédito, tanto Banco do Brasil quanto a Caixa Econômica Federal, o que contribuiu para aumentar a concessão dessa modalidade de crédito", avalia.




Segundo Bacellar, neste ano, o limite por banco emissor subiu para R$ 1 milhão. Some-se a isso a inclusão de novos itens financiáveis, com destaque para materiais para construção civil e serviços de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), que inclui aquisição e transferência de tecnologia, serviços de prototipagem, design, ergonomia, ensaios laboratoriais, certificações, técnico-especializados em eficiência energética e impacto ambiental, extensão tecnológica e avaliação da qualidade de produto e processo de software. "O crédito ampliado permitirá atender mais adequadamente as empresas de médio porte", informa.

O fato de o BNDES ter ampliado o prazo máximo de pagamento de 36 para 48 meses, em 2009, e de oferecer taxa de juro competitiva - em fevereiro está em 0,99% ao mês - também proporcionou maior flexibilidade para as empresas. "O maior prazo causou impacto positivo, porque dilui a prestação e permite que as empresas possam fazer investimentos maiores", diz Bacellar.

Cabe destacar, ainda, que o Cartão BNDES já permite financiamento para aquisição de insumos de alguns setores econômicos, como têxtil e de confecções, coureiro-calçadista, metalmecânico, moveleiro e transformação plástica.

Desde o seu lançamento, em 2003, foram emitidos mais de 250 mil cartões BNDES, somando R$ 9,6 bilhões em limite de crédito pré-aprovado para investimentos. "Para 2010, esperamos alcançar R$ 4 bilhões em volume, em mais de 260 mil transações", prevê Bacellar.

O Banco do Brasil, um dos cinco bancos emissores, emitiu 63.665 novos cartões BNDES em 2009. No ano passado, cerca de 44 mil clientes do banco realizaram financiamentos por meio desse cartão. Isso resultou em 116.968 transações, que somaram R$ 1,6 bilhão, um crescimento de 228% sobre 2008. Para 2010, o BB continuará apoiando o mercado de pessoa jurídica e, especificamente para o segmento de micro e pequenas empresas. A expectativa é de crescer 25% sobre o volume aplicado nas linhas de financiamentos de investimentos.

Já o Bradesco registrou volume de R$ 1 bilhão em operações com o Cartão BNDES, em 2009, o que representa mais de duas vezes o total atingido em 2008. Desse montante, 43,6% foram em operações pertencentes às microempresas, 39,4% às pequenas e 17% às médias. "É um resultado que demonstra que o Cartão BNDES é um eficiente meio de pagamento para que essas empresas, importantes empregadoras, investissem no crescimento do país", avalia Marcelo Noronha, diretor do Departamento de Cartões do Bradesco. Segundo ele, as transações cresceram fortemente a partir de julho. "Esse desempenho mostra um sinal positivo da economia brasileira, com as empresas investindo e o banco pôde atender as micro e pequenas por meio desse cartão", avalia.

Noronha destaca a participação das micro e pequenas empresas na emissão de Cartão BNDES, que representaram 70,2% e 23,9, respectivamente. "A maior participação de micro e pequenas empresas mostra que existe uma oferta efetiva muito bem composta com o Cartão BNDES", constata. O executivo reforça ainda a participação maior do setor de comércio de produtos alimentícios, que ficou em 7,7% do valor das operações do Bradesco realizadas com Cartão BNDES. Esse setor foi seguido por serviços de transporte, armazenagem e logística (7,1%), postos de gasolina e distribuidoras de gás e lubrificantes (6,1%), comércio de bens de uso pessoal, doméstico e comercial e industrial (5,5%).

João Régis Teófilo Magalhães, gerente de produto da Gerência Nacional de Desenvolvimento de Produtos de Cartão de Crédito da Caixa Econômica Federal, informa que o volume de transações atingiu R$ 100 milhões em operações com o Cartão BNDES em 2009. Foram realizadas cerca de 7 mil transações com esse cartão, por cerca de 4 mil empresas. Para 2010, as perspectivas são positivas. "Projetamos um crescimento de base de 30%", prevê.

Na avaliação de Ilnort Rueda Saldívar, diretor da consultoria de gestão internacional ATKearney, a ideia de colocar o crédito dentro de um cartão é inovadora: alavanca o canal direto do banco, facilita a distribuição e chega até o empresário. "O BNDES, por meio do cartão, impulsionou os serviços financeiros, sendo, ao mesmo tempo, um meio de pagamento e de crédito", pondera.

Salvídar também observa que o cartão é um produto interessante também para empresas de grande porte, embora o cartão tenha o apelo para pequenas e médias. Para o consultor, é uma estratégia importante para o BNDES chegar até as médias e pequenas empresas. Entretanto, o maior desafio do banco é alavancar mais esse cartão para as empresas médias e pequenas. "A burocracia ainda é grande, mas as exigências poderiam ser simplificadas, o que aumentaria a emissão desse cartão por empresas de menor porte", sugere.

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