terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Renner tem lucro recorde e planeja dobrar investimento

Com cenário macroeconômico favorável neste ano, companhia volta a avaliar aquisições.

Por Sérgio Bueno, de Porto Alegre
23/02/2010

Nelson Perez/Valor

O lucro líquido recorde de R$ 100,3 milhões apurado no quarto trimestre, com alta de 53% em comparação com o mesmo período de 2008, não só representou 53% de todo o resultado acumulado no ano como dissipou as últimas incertezas da Lojas Renner sobre a recuperação das vendas e dos níveis de desempenho pós-crise global.

Para 2010, diante de um cenário macroeconômico bem mais favorável, a empresa planeja dobrar os investimentos fixos em comparação com 2009, para R$ 140 milhões, o que supera inclusive os aportes de R$ 136,8 milhões realizados em 2008, disse ontem o diretor administrativo e de relações com investidores, José Carlos Hruby.

Os planos da companhia incluem a abertura de 12 novas lojas no país neste ano (seis no primeiro semestre e seis no segundo), ante as dez inauguradas em 2009. Uma delas será aberta na avenida Paulista, em São Paulo, em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), em abril. Até o fim de junho a rede vai estrear em duas novas praças: Maceió e Palmas. Outras dez das 120 unidades atuais serão reformadas, e a Renner vai ainda ampliar os aportes em tecnologia e logística.

"O ano de 2009 transcorreu num nível bem mais positivo do que se desenhava no fim do ano anterior e estamos muito otimistas para 2010", afirmou Hruby. A expectativa da empresa é fechar este exercício com uma taxa de crescimento de vendas nas mesmas lojas superior ao nível de 1,4% apurado em 2009 e também com melhores indicadores operacionais (lucro antes de resultado financeiro, impostos, depreciação e amortização - lajida) e margem bruta. Até agora, explicou, "as vendas estão se desenvolvendo de acordo com as previsões mais otimistas para 2010".

O cenário mais tranquilo também recoloca no horizonte da Renner a possibilidade de adquirir o controle de uma rede de varejo no país. Em 2008, a empresa chegou a negociar a compra da Leader, com sede no Rio de Janeiro, mas com o estouro da crise o negócio foi abortado.

"Acreditamos que o mercado brasileiro no nosso segmento vai passar por uma consolidação, com a Renner como compradora", comentou o diretor. Hruby afirmou que a rede está "avaliando" ofertas feitas por bancos de investimentos, mas não deu detalhes e disse que é "prematuro" prever qualquer prazo para uma operação desse tipo.

No quarto trimestre do ano passado, a Renner apurou receita líquida de R$ 778,8 milhões, 15,6% a mais do que no mesmo período de 2008. Só as vendas líquidas de mercadorias subiram 16%, para R$ 711,9 milhões.

As vendas em mesmas lojas avançaram 9,5% e a margem bruta das operações de varejo cresceu de 44,9% para 48,7%, graças a negociações de preços com fornecedores e à melhor gestão dos estoques, disse o executivo. O lajida aumentou 55,8%, para R$ 159,4 milhões no trimestre.

A companhia encerrou 2009 com um caixa líquido de R$ 276,6 milhões, contra R$ 18,2 milhões em dezembro de 2008, devido à redução dos investimentos e do pagamento de dividendos - de 75% para 25% do lucro líquido do ano anterior.

Recentemente, o conselho de administração propôs o restabelecimento da distribuição de 75% do resultado do ano passado, que será avaliado em assembleia de acionistas no dia 22 de abril.

No acumulado do ano, a Renner teve receita líquida total de R$ 2,363 bilhões, com alta de 8,2% sobre 2008, sendo R$ 2,116 bilhões (expansão de 8,2%) em vendas de mercadorias.

As vendas em mesmas lojas avançaram 1,4%, enquanto a margem bruta subiu de 46,4% para 47,5%.

O lajida da companhia no ano passou de R$ 311,4 milhões para R$ 374,2 milhões. O lucro líquido cresceu 16,7%, de R$ 162,4 milhões para R$ 189,6 milhões, e também foi recorde.

No dia 16 deste mês, a rede iniciou as vendas on-line por intermédio de sua página na internet. Por enquanto estão disponíveis produtos de perfumaria, cosméticos, moda íntima feminina e relógio, num total de 2,8 mil itens. Conforme Hruby, nos próximos meses alguns artigos de vestuário, como camisas, além de gravatas, poderão ser incluídos.

"A dificuldade é a padronização dos tamanhos", explicou o executivo. Segundo ele, as vendas pela internet deverão equivaler, em 2010, ao faturamento de uma loja física recém-inaugurada.

Ainda para o primeiro semestre a Lojas Renner prevê o início da distribuição dos cartões híbridos com as bandeiras Visa e Mastercard. A expectativa, disse Hruby, é que no primeiro ano cerca de 1 milhão de plásticos sejam entregues a portadores do cartão próprio da empresa, que tem uma base de 15,2 milhões de usuários, 1,7 milhão dos quais incorporados ao longo do ano passado.

A empresa também espera obter neste ano a licença do Banco Central para abrir um banco próprio, possivelmente a partir de 2011. A instituição vai operar como financeira.

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