quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Na hora de comprar, companhias reforçam cautela

André Borges e Cibelle Bouças, de São Paulo
20/01/2010

A retomada dos investimentos em tecnologia da informação (TI) é um fato, mas isso não significa que as companhias estão dispostas a colocar dinheiro em qualquer projeto. "Gato escaldado tem medo de água fria", diz Laércio Albino Cezar, vice-presidente do Bradesco. "Temos de ser mais cuidadosos na execução de cada projeto."

Essa é a postura que tem guiado os gestores de TI das grandes companhias. A empresa IT Data realiza neste mês uma pesquisa com 1,5 mil empresas do país para traçar um cenário dos negócios no setor. Até o momento, 830 companhias responderam à pesquisa. Dados preliminares adiantados ao Valor mostram que 66% das empresas devem aumentar o investimento com tecnologia neste ano. "Só 11% declarou que vai diminuir os gastos em relação a 2009", comenta Ivair Rodrigues, diretor de pesquisas da IT Data. "É um cenário muito mais otimista do que o de um ano atrás."

As empresas, porém, adotaram uma visão mais pragmática do que em 2008, valorizando fornecedores especializados e que entregam resultado no curto prazo. "O cliente amadureceu. Ele não está mais em busca simplesmente de grandes marcas, não está comprando só grife", comenta Rodrigues.

O ano de 2009, diz Fabio Faria, diretor corporativo de TI da Votorantim Industrial, serviu para ajustar os contratos com os fornecedores. A empresa, que soma 31 mil funcionários, aproveitou o ano passado para renegociar contratos de prestação de serviços. Com um parque de 17 mil PCs, a Votorantim não é dona de um único computador. Tudo é terceirizado e gerenciado por companhias como SAP, Microsoft, Dell, Hewlett-Packard, Alcatel e Tivit. "Aprendemos a aperfeiçoar esses contratos de serviços. Foi um ano que permitiu reformular esse relacionamento."

Neste ano, diz o diretor da consultoria IDC, Roberto Gutierrez, haverá investimento maior em TI, mas a preocupação em obter o máximo de resultados com gasto menor permanecerá. A avaliação é parte de um levantamento feito pela consultoria com 339 empresas brasileiras. O estudo indica que as companhias pretendem elevar os gastos com tecnologia em 9% a 10% neste ano, retomando a média história observada ao longo da década. A consultoria estima que os investimentos em TI tenham crescido 2% no ano passado. O levantamento preliminar da IT Data, por sua vez, indica que em 2009 o mercado brasileiro ficou estável e, neste ano, deve crescer entre 10% e 15%.

A tendência de fazer mais com menos é observada, segundo a IDC, na decisão das empresas em continuar investindo mais na virtualização de servidores e na melhoria dos centros de dados. Outra aposta indicada na pesquisa é a busca por mais convergência entre os serviços de transmissão de voz, dados e vídeo. "As empresas que ainda não tinham olhado com carinho para o VoIP [serviço de transmissão de voz por internet] agora estão apostando nesse serviço", diz Gutierrez. A chamada computação em nuvem - modelo em que os sistemas e dados das empresas ficam hospedados na internet - também deve aumentar neste ano, sobretudo nas companhias de pequeno e médio portes.

O segmento que deve ganhar mais importância neste ano em relação a 2009 é o de máquinas. Conforme a IDC, muitas empresas mantiveram os gastos com software no período de crise, mas preferiram postergar a renovação dos equipamentos. "A expansão desse segmento é uma tendência brasileira e mundial", afirma Gutierrez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário