quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Expansão consome mais de R$ 15 bilhões

Pão de Açúcar, Walmart e Americanas devem abrir 300 lojas, mas redes menores também crescem

Claudia Facchini e Lílian Cunha, de São Paulo
21/01/2010

As grandes varejistas vão despejar mais de R$ 15 bilhões no país nos próximos três a quatro anos. Apenas o Grupo Pão de Açúcar, Walmart e Lojas Americanas devem abrir cerca de 300 lojas neste ano, o que deve levar a um recorde na expansão da área total de vendas no varejo brasileiro.

As redes de shopping centers já sentem a forte demanda por espaço e também estão retomando a construção de vários novos empreendimentos. A taxa de vacância nos 35 shoppings da BR Malls foi a menor da história da empresa no quarto trimestre, de apenas 2,1%, o que praticamente representa a máxima ocupação.

Os consumidores estão propensos a abrir a carteira. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pelo Federação do Comércio (Fecomercio) de São Paulo, está em um patamar nunca antes alcançado, chegando em janeiro a 158,7 pontos. Acima de 100 pontos, o ICC é considerado "otimista".

"Será um ano excelente para o varejo", diz Enéas Pestana, vice-presidente executivo e de operações do Grupo Pão de Açúcar. A combinação de pelo menos três fatores indica que o céu será de brigadeiro para as varejistas em 2010: eleições presidenciais, Copa do Mundo e a reação do mercado imobiliário.

O Pão de Açúcar vai investir R$ 5 bilhões em 2010, 2011 e 2012, o que deve gerar a criação de 100 mil empregos nesse período. O valor não inclui aquisições e também não considera a operação de varejo de eletroeletrônicos, recém-criada com a aquisição do Ponto Frio e da Casas Bahia. Os R$ 5 bilhões destinados apenas ao varejo alimentar será 70% superior ao investido pelo Pão de Açúcar no triênio 2007, 2008 e 2009. A meta é abrir, em três anos, 300 lojas, o que deve proporcionar um aumento médio de 9% ao ano na área de vendas do grupo, que possui 1.080 lojas.

O presidente do Walmart no Brasil, Héctor Núñez, já havia anunciado, em dezembro, um plano de investimento entre R$ 2 bilhões e R$ 2,2 bilhões em 2010. O valor é o maior aporte de capital no Brasil desde que a empresa americana chegou ao país, há 14 anos, e 40% superior ao total investido em 2009, de R$ 1,6 bilhão. O objetivo é abrir entre 100 e 110 lojas neste ano. A varejista possui atualmente 435 unidades

Logo após os sinais de que a crise havia desaparecido do horizonte, em meados de 2009, a Lojas Americanas anunciou um forte programa de investimentos. A rede, que vende de bombons e lingeries a eletrodomésticos, investirá R$ 1 bilhão e abrir 400 lojas entre 2010 e 2013.

O Carrefour informou ontem que vai investir R$ 2,5 bilhões entre 2010 e 2012 . "Ainda estamos em fase de finalização de nosso orçamento plurianual, até 2015 ", diz Daniel Magalhães, seu diretor financeiro (CFO). Ele preferiu não revelar uma estimativa para o total de lojas que devem ser inauguradas neste ano. No último triênio (2007, 2008 e 2009), o Carrefour investiu R$ 3 bilhões. No ano passado, abriu 49 lojas da rede Dia, 11 unidades do Atacadão, sete lojas Atacadão Eletro, dois hipermercados e 10 supermercados com a bandeira Carrefour.

Redes do interior do país também investem em expansão. A rede Berlanda, com sede na cidade catarinense de Curitibanos, planeja abrir este ano 20 novas lojas de eletrodomésticos e móveis, todas no Sul de Santa Cataria. Atualmente a empresa tem 119 lojas e terminou 2009 com vendas de R$ 240 milhões. "Nossa meta é crescer o faturamento em 20% descontando as novas lojas", diz Nilso Berlanda, presidente da empresa. As novas unidades vão consumir R$ 35 milhões em investimentos, a maior parte recursos próprios da companhia. "As novas lojas variam de tamanho entre 500 metros quadrados a 1.500 metros quadrados", diz o presidente.

A Berlanda está construindo um centro de distribuição de 10 mil metros quadrados em Porto Belo, para abastecer as lojas do litoral do Estado. "O aumento do salário mínimo, os juros menores, a redução do IPI de móveis e da linha branca, a melhora do poder de consumo da Classe C e a Copa - que ajuda a vender televisores - são algumas das razões desse aquecimento do mercado. Fora isso, as eleições acabam empregando muita gente, o que acaba se refletindo no varejo também", observa.

A rede mineira Ricardo Eletro pretende investir R$ 50 milhões em 2010 - 20% mais que o total aplicado em 2009. O dinheiro será usado na abertura de 30 lojas, sendo a maioria no Rio de Janeiro. Hoje a varejista de eletrônicos e eletroportáteis tem 260 lojas nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Alagoas, Goiás e Distrito Federal. "Pode ser que façamos alguma aquisição no decorrer do ano, já que a empresa está em constante crescimento, mas no momento não existe nenhuma em vista", diz Ricardo Nunes, presidente da Ricardo Eletro.

Outra que tem plano de expansão ambicioso é a rede de lojas gaúcha Quero-Quero, controlada pelo fundo Advent. A companhia quer passar de 177 lojas para 400 em cinco anos, com cerca de 40 inaugurações em 2010. A meta é chegar até 2013 com faturamento anual de R$ 1,8 bilhão. Em 2009, o total ficou em aproximadamente R$ 700 milhões. Só em propaganda e marketing a companhia está investindo neste ano R$ 17,5 milhões.

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