quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

CEOs são poupados na hora do corte

Rafael Sigollo, de São Paulo
20/01/2010

A rotatividade dos CEOs em seus empregos caiu ao menor nível em cinco anos nos Estados Unidos em 2009, período em que as empresas anunciaram a saída de 1.227 executivos. Os dados são do "CEO Turnover Report", relatório anual da consultoria americana Challenger, Gray & Christmas.

O total de comandantes que mudaram de emprego em 2009 foi 17% menor que o número de partidas em 2008 (1.482). É também o menor desde 2004, quando apenas 663 saídas foram registradas. O mês de maio teve apenas 78 demissões, o menor resultado mensal desde dezembro de 2004.





Embora a área de cuidados com a saúde continue sendo uma das mais estáveis da economia americana, ela lidera a rotatividade de CEOs pelo quinto ano consecutivo, com 203 partidas no ano passado. O segundo setor do ranking, governo/organizações sem fins lucrativos, anunciou 163 trocas de executivos-chefes em 2009, seguido pelo setor financeiro, com 123.

Muitos dos que saíram o fizeram por conta de planos normais de sucessão, ou para "enfrentar novos desafios". Outros se aposentaram e 231 deles deixaram o cargo, mas continuaram dentro de suas empresas em outra função - normalmente como membro ou presidente do conselho de administração, ou outro cargo executivo sênior.

Embora 2009 tenha sido um ano difícil para os líderes corporativos, apenas 15 CEOs foram demitidos por suas companhias. Outros sete foram "removidos" em razão de desempenhos não satisfatórios. O setor financeiro registrou menos mudanças de CEOs em 2009, comparado a 2008, mas, na opinião de John Challenger, diretor da consultoria, algumas mudanças foram dignas de atenção. "Kenneth Lewis aposentou-se do cargo de executivo-chefe do Bank of America depois de supervisionar a tumultuada fusão da instituição com o banco de investimento Merrill Lynch. Já John Mack, do Morgan Stanley, abriu mão do cargo para se tornar presidente do conselho de administração", conta.

A queda de 17% na rotatividade de CEOs em 2009 pode ter ocorrido em parte por causa dos esforços de algumas empresas em tentar manter a cúpula administrativa estável até que a economia ficasse mais clara. "A situação pode ter melhorado no segundo semestre, mas ainda se encontra em uma posição de fragilidade", diz.

Para Colleen Madden, pesquisadora da Challenger, Gray & Christmas, reter os CEOs durante a turbulência é uma estratégia das companhias para dar mais confiança aos acionistas e aos funcionários que não foram demitidos. "Além disso, quem já está no cargo pode se sair melhor por conhecer os detalhes e as particularidades da companhia", ressalta.

De acordo com Challenger, a expectativa é de que a rotatividade continue baixa no alto escalão, pelo menos no primeiro semestre de 2010. "As empresas estão esperando para ver se o crescimento econômico será sustentável". Se isso acontecer, ele acredita que poderá haver um aumento nas mudanças de liderança, pois as empresas buscarão executivos mais ousados.

"Em muitos casos, os CEOs que são bons em reduzir custos e manter as coisas funcionando durante os períodos difíceis, não são os mais indicados para liderar as empresas em processos de inovação e expansão", afirma Colleen Madden.

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