sexta-feira, 16 de abril de 2010

Pão de Açúcar e Casas Bahia buscam solução rápida, mas há um plano B

Os Klein recusaram mudanças propostas por equipe de Abilio na política de preçosPão de Açúcar e Casas Bahia buscam solução rápida, mas há um plano B

Adriana Mattos, de São Paulo
16/04/2010

No encontro que acontecerá hoje pela manhã entre os advogados que representam o grupo Pão de Açúcar e a Casas Bahia haverá um esforço para uma solução "rápida e o mais indolor possível" por parte da rede supermercadista. Abilio Diniz tem a carta branca do sócio francês Casino para colocar ponto final na pendenga com a família Klein, dona da Casas Bahia, ainda nesta semana.

Abilio deixou explícito aos advogados do Barbosa, Mussnich e Aragão, que representa o Pão de Açúcar, que é preciso costurar soluções para as questões mais polêmicas agora. "Nunca vi Abilio tão aberto para negociar", disse ontem uma fonte próxima às negociações. Mas um plano B vem sendo desenhado e comunicado, de maneira informal, ao mercado: a possibilidade de fechamento de uma associação ou compra das operações de Ricardo Eletro/Insinuante ou Magazine Luiza.

"Seria uma forma de pensar um pouco à frente, caso tudo azede mesmo. Mas ninguém ligou para ninguém. Há uma ordem clara de não meter os pés pelas mãos e priorizar o assunto Casas Bahia", afirmou esse executivo.

Até o final do dia de ontem, o mal-estar entre as partes, no entanto, se mantinha. "Os advogados deles (da Casas Bahia) informaram oficialmente que querem rever o contrato na semana passada, mas até agora não temos nas mãos detalhes do que gostariam de mudar", desabafa um dos negociadores. Exatamente por isso há pouca esperança de que, mesmo com uma postura "flexível" de Abilio, as partes se entendam ainda hoje.

As insatisfações dos Klein já manifestadas, ainda que superficialmente, se relacionam à forma como eles podem se desfazer das ações da nova empresa criada com a associação ao Pão de Açúcar há quatro meses, além das regras de governança corporativa firmadas para a nova companhia.

No acordo assinado em 4 de dezembro, o Pão de Açúcar tem cinco cadeiras no conselho de administração da nova empresa e a Casas Bahia, quatro. Os Klein não gostaram dessa divisão desde o início das tratativas, pois sempre seriam voto vencido. Até hoje, não há indicação para os cargos de ambas as partes. Segundo o Valor apurou, já começa a ficar claro as razões que teriam levado a Casas Bahia a aceitar um acordo considerado "desequilibrado" para a rede .

"O seu Samuel [Samuel Klein, o fundador] era muito favorável à parceria com Abilio. Ele andava muito deprimido porque buscava um caminho para a empresa após a saída do outro filho, Saul Klein, do comando da rede", diz um amigo próximo da família. "Por isso aceitou a proposta de Abilio e decidiu rever os pontos discordantes depois". Saul Klein tem acompanhado passo a passo as negociações com o Pão de Açúcar.

Uma delas, e que afeta diretamente a antiga diretoria de Saul na Casas Bahia, refere-se à política comercial das redes. As duas empresas foram autorizadas pelo Cade a unir a área de compras - aí, os ruídos começaram a aparecer. As duas têm políticas comerciais diferentes e o Pão de Açúcar - como acionista controlador do negócio - quer repetir na Casas Bahia a sua cartilha.

Em vez de promoções pesadas com preços baixos, e ganhos de margem de lucro no volume vendido, o Pão de Açúcar teria defendido a prática de preços médios de mercado ao consumidor, para garantir maiores margens de rentabilidade, sem abrir mão do volume. Foi algo que irritou os Klein.

Depois de queda de 4,97% das ações do Pão de Açúcar negociadas na última terça-feira na Bovespa, o papel recuperou parte da queda e subiu ontem 0,89%.

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