quinta-feira, 15 de abril de 2010

Advogados do Pão de Açúcar e da Casas Bahia negociam acordo

Advogados do Pão de Açúcar e da Casas Bahia negociam acordo
Casino ganha com Ponto Frio, mas perde Venezuela

Ladka Bauerova* e Daniele Madureira, de Paris e São Paulo
15/04/2010

A rede brasileira de eletroeletrônicos Ponto Frio despontou de maneira positiva no balanço do primeiro trimestre do grupo francês Casino, a maior rede de supermercados de Paris, sócia do Grupo Pão de Açúcar no Brasil. Com a incorporação do Ponto Frio pelo Pão de Açúcar, em julho, as vendas reportadas pelo sócio brasileiro cresceram mais que 50% no período. O desempenho gerou impactos sobre as vendas do Casino na América do Sul, que aumentaram 10,5% entre janeiro março deste ano, sobre igual período do ano anterior, quando haviam avançado 4,4%.

No total, as vendas da varejista francesa cresceram 5,6% no primeiro trimestre, lideradas pelos ganhos na América Latina e Ásia. A receita operacional subiu para € 6,26 bilhões. O resultado superou a estimativa de sete analistas consultados pela Bloomberg, que esperavam receita de € 6,55 bilhões. As operações internacionais representaram 36% das vendas totais no período, contra 32,7% no mesmo trimestre do ano passado.

As vendas da Casino nas lojas abertas há pelo menos um ano cresceram 11% na América do Sul e 5,3% na Ásia. Segundo a companhia, Colômbia e Argentina também contribuíram para o bom desempenho. O resultado poderia ter sido ainda melhor na América do Sul, não fosse a decisão do presidente venezuelano Hugo Chávez de nacionalizar a rede de hipermercados Exito no início deste ano, o que levou o Casino a não considerar a operação no país no balanço desde 1º de janeiro.

"Acreditamos que os negócios continuarão bons no Brasil, com um crescimento de dois dígitos de trimestre sobre trimestre", disse Jaime Vazquez, analista do JP Morgan & Chase em Londres, em uma análise divulgada antes da publicação dos resultados.

Os resultados do sócio francês são divulgados em meio à iniciativa da Casas Bahia de pedir a revisão da sua associação com o Pão de Açúcar, apenas quatro meses depois do acordo, que havia criado uma companhia de R$ 40 bilhões. Hoje, o presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar, Abilio Diniz, volta da França, onde já tinha uma reunião agendada com o Casino. Enquanto isso, os advogados de ambas as empresas - Pinheiro Neto, da Casas Bahia, e Barbosa, Müsnich & Aragão, do Pão de Açúcar - seguem negociando. Há expectativa de que um novo acordo saia até sexta-feira.

No Casino, as vendas pelo critério "mesmas lojas" da divisão de superlojas Geant na França caíram 4,7% porque os consumidores reduziram as compras de produtos mais caros e de itens não alimentícios, como eletrônicos. A receita dos pontos de venda abertos há pelo menos um ano caiu 1% na rede de supermercados Casino e 11% na rede de lojas de descontos Leader Price, mas cresceu 2,3% na Monoprix, sua unidade de lojas de conveniência. Excluindo-se aquisições e as variações cambiais, a receita da companhia na França, que responde por cerca de dois terços das vendas totais, caiu 0,9%, uma vez que os franceses reduziram seus gastos por causa da recessão.

No ano passado, o Casino vendeu sua fatia de 57% no grupo varejista holandês Super de Boer, para a Jumbo Holding, de Veghel, Holanda, por cerca de € 550 milhões. As lojas Exito do grupo varejista na Venezuela foram confiscadas e nacionalizadas pelo governo no começo de 2010. (*Bloomberg)

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