sexta-feira, 16 de abril de 2010

Nutrin negocia terceira aquisição e estuda entrada de sócio com capital

Galeazzi avalia alternativas para que companhia cresça mais rápido

Luciana Marinelli, de São Paulo
16/04/2010

Gustavo Lourenção/Valor

Aderbal Nogueira, diretor-geral da Nutrin, espera fechar no mês que vem a compra de um concorrente em São Paulo que fatura R$ 18 milhões ao ano
A Nutrin se prepara para se firmar como consolidadora no setor de refeições coletivas. A empresa, com sede em Americana (SP), negocia sua terceira aquisição e conversa com a Galeazzi & Associados para a contratação de um trabalho de consultoria que a deixaria pronta para a entrada de um sócio financeiro capaz de dar suporte a sua expansão.

Segundo seu diretor-geral, Aderbal Nogueira, a companhia vai investir cerca de R$ 3 milhões na aquisição de uma concorrente de São Paulo que fatura perto de R$ 18 milhões ao ano e tem ao redor de 40 clientes. A negociação deve ser concluída em maio e Nogueira mantém o nome da empresa em sigilo. No fim de dezembro, a Nutrin teve a liberação de um financiamento de R$ 7 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

No ano passado, a empresa, que tem sede em Americana (SP) e pertence aos empresários paulistas Vasco Ferraz da Costa Júnior e Sérgio Siqueira Campos, fechou duas compras: de 50% da mineira Gran Vittoria em julho e da Nutrimiza, de Caxias do Sul (RS), em dezembro. Com os negócios e o aumento das vendas a partir do segundo semestre, a Nutrin encerrou 2009 com um faturamento de R$ 144,5 milhões - uma alta de 25,6% sobre o ano anterior.

Mais aquisições estão no radar da companhia, principalmente considerando o ambicioso plano de crescimento que começou a ser delineado no fim de 2009. "Queremos ser uma empresa de R$ 1 bilhão de faturamento em 2014", diz Nogueira. Isso significa mais que quintuplicar de tamanho - a expectativa para 2010 é faturar R$ 180 milhões. Glauco Abdala, sócio da Galeazzi, com quem a companhia vem mantendo conversas desde dezembro, diz que a meta é factível se a companhia tiver capital, por meio de um sócio investidor, para se expandir comprando concorrentes e enquadrando-os em um padrão de qualidade e atendimento. "Esse é um mercado fácil de crescer via aquisições", diz Abdala. "Como as margens do negócio são baixas, é difícil para os pequenos se sustentarem. É preciso ter escala. A agregação de valor desse tipo de empresa é pelo faturamento", afirma o consultor.

Com cerca de 900 empresas em atividade, o setor de refeições coletivas é bastante pulverizado no Brasil e trabalha com uma margem líquida de 4%. Entre 80% e 90% do seu faturamento, que no ano passado somou R$ 9,8 bilhões, vem de aproximadamente 100 companhias. A maior é a GRSA, da inglesa Compass, com 16% do mercado - as outras três grandes são as brasileiras Gran Sapore e Puras e a francesa Sodexo. Para Rogério da Costa Vieira, presidente da Federação Nacional das Empresas de Refeições Coletivas (Fenerc), a consolidação é uma tendência e só não houve mais negócios em 2009, além dos feitos pela Nutrin, por conta da crise financeira. "Quem viu seu ativo perder valor deve ter esperado para negociar em melhores condições", diz. "Mas a tendência permanece, porque é melhor se juntar com empresas de outras regiões para crescer do que entrar em novos mercados por meio de guerra de preços."

Além de ir às compras, a Nutrin aposta no crescimento orgânico, a partir da retomada da economia, e das oportunidades de fornecimento que devem surgir para o setor petroleiro, com as descobertas do pré-sal. "O primeiro trimestre foi totalmente atípico. Em geral perdemos receita com o ritmo de atividade menor e férias coletivas nas empresas, mas este ano abrimos mais de 30 restaurantes ", diz.

Outra aposta para ganhar mercado são acordos com marcas conhecidas nas praças de alimentação para oferecer pratos "com grife" nos restaurantes das companhias. O primeiro foi firmado com a Vivenda do Camarão, que fornecerá os ingredientes e treinou funcionários da Nutrin para preparo e apresentação das refeições.

A companhia também está cortando custos e planeja criar uma marca própria de sucos - a ideia é comprar a produção de um único fornecedor para todos os seus 305 restaurantes corporativos no país. O projeto deve reduzir entre 20% e 30% os gastos com a bebida.

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