terça-feira, 13 de abril de 2010

Fundos de private equity investem US$ 34 bi no país

Estudo da FGV mostra que indústria atingiu 2,2% do PIB

Carolina Mandl, do Rio
13/04/2010
Ricardo Benichio/Valor

Os investimentos feitos por fundos de private equity têm se tornado cada vez mais importante para as empresas brasileiras. Em 2009, os fundos de private equity tinham US$ 34 bilhões de capital comprometido para investimentos no Brasil, segundo dados do último censo da indústria realizado pelo Centro de Estudos em Private Equity da Fundação Getúlio Vargas (GVcepe). O montante é mais de cinco vezes superior aos US$ 6bilhões que havia em 2004, data do último levantamento. Com isso, a indústria de fundos de participações em empresas saltou de 1% para 2,2% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) em cinco anos.

"O crescimento do volume de capital voltado para investimentos de private equity está relacionado a uma série de fatores positivos, como a estabilidade da economia brasileira e a abundância de recursos de investidores estrangeiros", disse Cláudio Furtado, coordenador do GVcepe.

Outro fator fundamental para o desenvolvimento da indústria foi a atividade do mercado de capitais. Empresas com fundos de participações em seu capital fizeram 37 ofertas iniciais de ações - IPOs, na sigla em inglês - de 2004 a 2009, somando R$ 31,3 bilhões em recursos levantados, segundo dados do censo. "A perspectiva de ter uma porta de saída para os investimentos leva os gestores a aportarem mais recursos no Brasil", afirmou Furtado.

Entretanto, mesmo diante do crescimento da indústria em mais de R$ 25 bilhões em cinco anos, o Brasil ainda está abaixo das médias internacionais, que é um total de capital comprometido pelos fundos de private equity de 3,5% do PIB. A expectativa do GVcepe é que esse patamar seja atingido daqui a quatro anos, quando as gestoras terão US$ 70 bilhões para investimentos em empresas brasileiras.

Ontem, durante um seminário sobre o setor realizado no Rio de Janeiro, os indícios eram de que novos recursos devem chegar ao país cada vez mais de forma abundante ao país. No salão, preparado para receber 530 pessoas, faltaram cadeiras, que tiveram de ser improvisadas. "O Brasil vai atrair mais investidores do que qualquer outro país emergente nos próximos dois anos. E muitos deles nunca tinham colocado os pés por aqui", disse Roger Leeds, presidente de private equity dos países emergentes, a Empea, resumindo os resultados de uma pesquisa feita pela entidade com investidores do setor e que será divulgada em maio. Hoje, a maior parte dos recursos que estão no Brasil já é trazida por investidores estrangeiros. No ano passado, dos US$ 4,6 bilhões levantados pelos fundos, US$ 2,9 bilhões tinham origem no exterior.

O levantamento feito pela GVcepe também mostrou que vem ocorrendo recentemente uma maior diversificação do tipo de empresa que recebe aportes de fundos de private equity. Em 2004, 30% do dinheiro trazido pelas gestoras eram direcionados para companhias de tecnologia. No ano passado, elas abocanharam menos, 19%. Setores como energia e petróleo, com 8% do total investido, e construção, com 8%, ganharam espaço.

Para Cate Ambrose, presidente da Latin America Venture Association, o próximo passo da indústria de private equity no Brasil será formação de companhias com tentáculos por toda a América Latina. "Os investidores estrangeiros têm mostrado interesse em investir em países como Colômbia, Chile e México. É uma oportunidade para as gestoras brasileiras formarem plataformas regionais", afirmou ela.

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