quarta-feira, 19 de maio de 2010

À venda, Nilza suspende operação e culpa preço

De São Paulo
19/05/2010

Em recuperação judicial desde o ano passado e com operações paralisadas em suas unidades por conta do descompasso entre preços do leite cru para processamento e do leite longa vida, a Indústria de Alimentos Nilza está à venda.

De acordo com o diretor de marketing da Nilza, José Maurício Furtado, o acionista controlador Adhemar de Barros Neto decidiu pela venda para focar em outros negócios, também no setor de alimentos. "Ele é um homem do setor, veio da Lacta", disse Furtado, referindo-se à empresa na qual Barros era acionista e que foi vendida para a multinacional Kraft Foods.

Furtado não informou com quais companhias o empresário negocia a venda da Nilza e nem quanto valeria a empresa, que tem duas unidades, uma em Ribeirão Preto (SP) e uma Itamonte (MG).

O executivo afirmou que o aumento dos preços da matéria-prima para processamento levaram a empresa a suspender as atividades nas duas plantas onde trabalham 350 pessoas.

Ele admitiu que o fato de o laticínio ter sido submetido ao Regime Especial de Fiscalização pelo Ministério da Agricultura, em abril, levou à formação de estoques -já que com a medida a comercialização fica suspensa - e acabou dificultando a operação. A Nilza entrou no regime - medida que já foi suspensa pelo ministério - depois que análises de leite demonstraram indicativos de adição de soro no leite UHT.

Conforme o executivo, na segunda quinzena de março deste ano, a empresa chegou a pagar R$ 0,98 a R$ 1,00 pelo litro de leite ao produtor colocado na usina. No mesmo período, o leite longa vida era vendido pela Nilza ao supermercados entre R$ 1,68 e R$ 1,74 por litro. Um ano antes a relação era muito diferente: o preço ao produtor saía por R$ 0,86 e o do longa vida ao atacado, entre R$ 1,95 e R$ 2,00. "Se os preços ao produtor ficassem entre R$ 0,80 e R$ 0,83, poderíamos voltar a operar", afirmou.

Atualmente, apenas parte dos funcionários está trabalhando e os que atuam na produção estão em casa. Furtado evitou falar em demissões, mas disse que essa possibilidade terá de ser analisada caso a paralisação perdure. Na unidade de Ribeirão, a capacidade de processamento da Nilza é de 800 mil litros por dia e na de Itamonte, de 350 mil litros. (AAR)

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