quinta-feira, 13 de maio de 2010

Consumo de PET viabiliza projeto em PE

Demanda da resina no Brasil deverá crescer entre 8% e 12% este ano

Mônica Scaramuzzo, de São Paulo
13/05/2010

O polo petroquímico de Suape (PE), que está em estudo pela Braskem em parceira com a Petrobras, é a grande aposta do mercado para impulsionar a oferta de resinas PET no país. Atualmente, a produção nacional está concentrada nas mãos da italiana M&G (Mossi & Ghisolfi), com uma unidade com capacidade para 450 mil toneladas/ano, instalada em Pernambuco.

A crescente demanda por garrafas PET no Brasil justifica os investimentos. No ano passado, as vendas de resina PET no país alcançaram 522 mil toneladas, um crescimento de 7,4% sobre o ano anterior, de acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria PET (Abipet). Mas esse volume é pouco, se comparado com o mercado internacional.

A expectativa para este ano é de que a demanda cresça entre 8% e 12%, segundo Auri Marçon, presidente da Abipet. O aumento de renda da população das classes C e D elevou o consumo de refrigerantes no país. Cerca de 90% das resinas PET são destinadas à produção de garrafas plásticas. "Com a crise de crédito, houve uma migração do consumo de bens duráveis para bens de consumo", afirmou Marçon.

O Brasil é um dos países com maior potencial de crescimento no segmento de resinas PET. O consumo per capita no país é de 2,7 quilos. Nos Estados Unidos e países europeus, atinge 8 quilos. No México, o consumo está em 7,3 quilos, observa Marçon.

Em 2000, as vendas de resinas e PET no país totalizavam 255 mil toneladas. "Nos últimos cinco anos, a taxa de crescimento foi de 7,8% ao ano. Nos últimos dez, de 8,34% ao ano", afirmou Marçon. Em 2009, o Brasil importou 147 mil toneladas de resinas (esse volume inclui o consumo também para o segmento de fios sintéticos) e outras 101 mil toneladas da chamada preforma (fase intermediária), sobretudo do Uruguai e Paraguai.

A demanda global por resinas PET é de cerca de 16 bilhões de toneladas/ano. Os EUA respondem por 4,4 bilhões de toneladas do total e o México, por 1 bilhão de toneladas, o dobro do Brasil. "As unidades de resinas PET têm estratégias globais", disse Marçon.

No Brasil, o polo petroquímico de Suape, que deverá ser tocado em parceria entre Petrobras e Braskem, deverá ser definido nos próximos meses. No início do ano, as duas companhias reafirmaram o interesse pelo projeto ainda este ano. Procurada pelo Valor, a Braskem informou que os estudos ainda não começaram a ser feitos.

O novo desenho idealizado pelas duas companhias prevê que o polo de Suape deverá começar a produzir fios têxteis e PTA (matéria-prima para o PET) ainda este ano. Estão previstas três unidades industriais - fabricação de PTA (700 mil toneladas), matéria-prima que o Brasil é importador; resina PET (450 mil toneladas), usada na fabricação de embalagens; e polímeros têxteis (240 mil tonelada), em um projeto de cerca de US$ 2 bilhões.

O país já abrigou outras unidades de resinas PET no país, mas por serem defasadas foram desativadas. Uma delas é uma fábrica da M&G em Minas Gerais. "Entre 1995 e 2005, uma unidade nova tinha capacidade para 100 mil a 200 mil toneladas. Hoje, uma fábrica nova é projetada com capacidade para 500 mil toneladas", afirmou.

Segundo Marçon, uma boa parte do consumo de garrafas PET no país já tem como destino a reciclagem. Um terço da produção das garrafas é destinado para a reciclagem. O Brasil é líder mundial no desenvolvimento de aplicações do PET reciclado. As indústrias têxteis respondem por 38% desta aplicação.

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