quarta-feira, 19 de maio de 2010

Garrafa "ecológica" reduz custo do frete

Lílian Cunha, de São Paulo
19/05/2010

Uma boa notícia na área de embalagens para o setor de bebidas: o lançamento das novas garrafas de vidro chamadas de ecológicas. Mais leves, porque são mais delgadas, elas barateiam em até 5% os custos de transporte, com a mesma durabilidade e resistência dos vasilhames comuns, segundos as fabricantes Owens-Illinois (O-I) e Verallia - o novo nome mundial da Saint Gobain Embalagens. "A vantagem dessa embalagem é que ela é 20% mais leve que a comum", explica Paulo Dias, gerente comercial da Verallia, que batizou sua garrafa de Ecova.

Com garrafas mais leves, a indústria de vidro economiza energia e a de bebidas paga menos frete. "A garrafa de vinho que antes pesava 500 gramas agora tem 370", diz Lucindo Copat, diretor técnico da Salton, que está usando a Ecova. "O consumidor não percebe a diferença, a não ser que compare as duas, uma ao lado da outra. O ganho está no frete, já que pagamos o transporte por peso", explica. A economia para a Salton é de 5% em média nos custos de transporte, o que é muito significativo.

A embalagem, segundo o executivo da Verallia, foi abraçada, a princípio, pelos fabricantes de vinho em todos os países onde a Verallia lançou a Ecova. Isso porque essa é a indústria que tem um dos maiores custos com frete no setor de bebidas. A Salton, por exemplo, produz no Rio Grande do Sul, distribui para todo país e exporta para outros. Paga fretes de mais de mil quilômetros. "E o nosso frete é por peso", acrescenta Copat.

A O-I já produziu 320 milhões de unidades de embalagens ecológicas, batizadas pela empresa de Leve+Verde, que estão chegando ao varejo por meio de clientes como Coca-Cola, Cervejaria Petrópolis, Conservas Olé, Quero Alimentos (Coniexpress), Miolo, Femsa e Diageo. "Na produção dessas embalagens, já economizamos 2 mil toneladas de vidro e 63 mil gigajoules de energia, o que seria suficiente para abastecer 1.062 lares por um ano", diz Rodney Montenegro, presidente da O-I Brasil. No caso da Ecova, segundo Paulo Dias, é possível reduzir em até 15% a emissão de CO 2 no processo produtivo.

O preço da embalagem de vidro ecológica é, por enquanto, o mesmo da garrafa comum. Mas com o ganho de escala o valor poderá cair. O ganho no frete, porém, já tem atraído tanto a indústria de bebidas quanto a de alimentos.

Além disso e do apelo da sustentabilidade, as fabricantes de bebidas têm outro motivo para apostar na novidade: a falta de latas ocorrida no início do ano. Com a crise financeira, as produtoras de lata diminuíram o ritmo de produção. Mas as altas temperaturas e o poder aquisitivo da população criaram um inesperado "boom" de consumo de bebidas no verão passado, o que acabou acarretando a falta de latas. Além da importação do produto, uma das maneiras de contornar o problema foi apostar na embalagem de vidro e as garrafas mais leves caíram como uma luva para a necessidade das engarrafadoras.

"Realmente a demanda por garrafas cresceu bastante por conta de uma migração da lata para o vidro", diz Montenegro, da O-I Brasil. "Nossa demanda teve um acréscimo este ano, até agora, de 15% a 18%, mas essa é uma comparação matemática em relação a um ano de crise, que foi o ano passado", ressalta o presidente.

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