sexta-feira, 20 de maio de 2011

Jonh Lennon, antes dos Beatles

DVD:Cinebiografia enfoca drama familiar.

Luciano Buarque de Holanda | De São Paulo
20/05/2011

"O Garoto de Liverpool"


Relativamente fiel à biografia épica de Bob Spitz, "O Garoto de Liverpool" ganha pontos no quesito musical
Inglaterra-Canadá. 2009. Dir.: Sam Taylor-Wood. Distribuição: Swen. / BBB

Quem sabe um dia os Beatles ganharão sua cinebiografia definitiva. Por enquanto, contamos com uma série de telefilmes baratos e dois longa-metragens, significativos, mas restritos a capítulos específicos da jornada. "Backbeat - Os Cinco Rapazes de Liverpool" lida com a ascensão do grupo no lendário Cavern Club e, como antecipa o título, com a perda de um quinto integrante (o baixista Stuart Sutcliffe). Embora não traga qualquer associação formal com essa produção de 1994, "O Garoto de Liverpool" funciona bem como "prequel".

Acompanhamos a origem do Quarrymen, formação seminal do "fab four", mas, sobretudo, o trágico e tumultuado relacionamento de John Lennon com sua mãe biológica, Julia (matéria-prima de muitos clássicos). Parece uma abordagem menor à revolução vindoura, mas é um drama familiar e tanto.

Lennon (Aaron Johnson) foi fruto de uma gravidez indesejada. A jovem Julia (Anne-Marie Duff), tida como namoradeira inconsequente, desde cedo o abandonou aos cuidados da irmã Mimi (Kristin Scott Thomas). Daí constituiu uma nova família, selando, assim, o distanciamento com o primeiro filho. Ao menos temporário: já na maioridade, Lennon decide procurá-la. Julia, que aparentemente aguardava esse momento por toda a vida adulta, torna-se, então, uma companheira inseparável. Moderna, ela o ensina os primeiros acordes de violão; apresenta-lhe o rock n' roll de Elvis, Buddy Holly e companhia - na realidade, o rádio teria sido a maior influência do futuro Beatle.

A aproximação tardia provoca tensões entre Julia e Mimi, cuja rígida postura equilibra-se em sensatez e responsabilidade. Em meio à crise afetiva, Lennon rebela-se, castiga os companheiros de banda com arrogância mordaz, por vezes violenta.

Relativamente fiel à biografia épica de Bob Spitz, "O Garoto de Liverpool" ganha pontos no quesito musical, trazendo à trilha fonogramas de Jerry Lee Lewis, Wanda Jackson, Screamin' Jay Hawkins, Eddie Cochran, Lalém de respeitáveis versões do elenco para "That's Alright Mama", "Raunchy" e "In Spite of All the Danger". Em contraste, o "cast" ignora qualquer critério de semelhança física. Note o franzino Paul McCartney vivido por Thomas Brodie Sangster (de "McPhee - A Babá Encantada").

"O Garoto de Liverpool" concorreu ao Bafta Awards nas categorias melhor filme, melhor estreia e atriz coadjuvante, em dupla indicação para Anne-Marie Duff e Kristin Scott Thomas.

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