terça-feira, 17 de novembro de 2009

Crise financeira expôs deficiências dos conselhos de administração

Valor Econômico - 17/11/2009

A crise financeira levantou diversas dúvidas sobre o papel dos conselhos e conselheiros de administração não apenas sobre sua reação à turbulência, mas também sobre a forma com que alguns deles teriam contribuído para o problema, seja por ação ou omissão.

Na visão do presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Mauro Rodrigues da Cunha, é difícil os conselhos das empresas olharem para traz hoje, passada a crise, e dizer que não erraram, se eximindo de qualquer parcela de culpa no problema.

O importante agora, portanto, é aprender as lições tiradas da forte turbulência do último ano. "Não se desperdiça uma boa crise como essa", brincou Suzanne Hopgood, representante da Associação Nacional dos Conselheiros de Administração dos EUA (NACD, na sigla em inglês), que esteve presente ontem no 10º Congresso Brasileiro de Governança Corporativa, organizado pelo IBGC em São Paulo.

Ela chamou atenção dos participantes para que eles questionem a formação dos conselhos das suas empresas. "Será que esses órgãos são formados pelas pessoas certas, com as habilidades exigidas em cada companhia?", perguntou.

Suzanne recomenda ainda que o próprio conselheiro de administração faça esse questionamento a si mesmo.

Como aprendizado da crise e também do momento atual, ela destaca a importância, por exemplo, de se ter conselheiros com experiência internacional e que compreendam as mudanças ocorrendo nas mídias digitais, como as redes sociais.

Também palestrando no evento, Nildemar Secches, que é co-presidente do conselho da BRF - Brasil Foods e presidente do conselho da WEG, relatou que um problema comum nos momentos de crise é que o conselho, em especial os comitês de assessoramento, queiram entrar no lado operacional da companhia. "É um erro confundir uma parte com a outra. É preciso que o conselho tenha um afastamento para poder avaliar", afirmou.

Ainda sobre o papel dos conselheiros na crise, o presidente da Previ, Sérgio Rosa, afirmou que os problemas costumam estar relacionados a omissão, abuso de autoridade individual, conluio ou falha de execução.

Diante disso, ele ressaltou que é importante haver controle sobre a administração, mas que não se deve exagerar em um "clamor por punição" de erros, sob pena de se evitar por completo a tomada de riscos, que é necessária para gerar valor para a companhia. (FT)

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